Amparo legal a famílias não tradicionais é alvo de divergências

19/03/2012 11:09

Amparo legal a famílias não tradicionais é alvo de divergências

O autor do projeto que cria o Estatuto das Famílias (PL 2285/07), ex-deputado Sérgio Barradas Carneiro (BA), hoje na suplência, afirma que a Câmara precisa dar resposta à sociedade sobre temas como família homoafetiva, casamento e adoção. Segundo ele, a votação de projetos que tratam da nova composição da família, como é o caso do estatuto, não prospera por causa da pressão de grupos específicos, principalmente os religiosos.

O projeto do Estatuto das Famílias foi aprovado em 2010 por duas comissões da Câmara (de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania) e deveria seguir diretamente para o Senado. No início de 2011, no entanto, foram apresentados recursos para que a proposta seja votada pelo Plenário da Câmara, antes de ir ao Senado. Desde então, o projeto aguarda inclusão na pauta do Plenário.

Um dos autores do recurso é o líder da bancada evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO). Para ele, o tratamento dado pela legislação atual à família já atende a sociedade em sua maioria e, por isso, não há necessidade de contemplar novos arranjos. “Estamos satisfeitos com a legislação atual. Tanto que diversos projetos para mudar a concepção de família vêm sendo rejeitados”, diz o parlamentar.

Barradas Carneiro lembra, porém, que a resistência do Legislativo em votar esses projetos tem levado o tema para o âmbito judicial. Além disso, ele ressalta que o Poder Executivo tem decidido sobre o assunto ao editar portarias que reconhecem formas diversas de família, como a possibilidade de declaração de Imposto de Renda conjunta por casais gays.

Código Civil
Para João Campos, a Justiça vem decidindo sobre essas questões à revelia do Parlamento, eleito para representar o povo. Segundo ele, a bancada evangélica está aberta ao diálogo, mas considera que o Código Civil (Lei 10.406/02) responde de forma satisfatória a todas as questões.

Barradas Carneiro, por outro lado, avalia que o Código Civil não corresponde à realidade do País, pois foi aprovado a partir de texto elaborado em 1975.

João Campos rejeita esse argumento. Ele diz que não é possível nem viável reconhecer em lei todas as situações que existem na sociedade. Como exemplos, Campos cita a prostituição e a bigamia. “Só porque essas situações existem na sociedade, elas devem ser amparadas em lei?”, questiona.

 

Reportagem – Rachel Librelon
Edição – Pierre Triboli

Agência Câmara de Notícias

 

Notícias

Renúncia à herança e sua extensão a bens descobertos posteriormente

Opinião Renúncia à herança e sua extensão a bens descobertos posteriormente Mathias Menna Barreto Monclaro 7 de outubro de 2025, 7h01 Não se deixa de reconhecer que, em certos contextos, a rigidez da solução pode suscitar debates sob a ótica da justiça material, sobretudo em heranças complexas, em...

Juiz nega penhora de imóveis rurais usados para subsistência

Proteção Juiz nega penhora de imóveis rurais usados para subsistência Magistrado reconheceu que a família do devedor explora diretamente a terra para sua subsistência e que os imóveis se enquadram como pequena propriedade rural. Da Redação domingo, 5 de outubro de 2025 Atualizado em 3 de outubro de...

Assinatura eletrônica e digital: entre prática judicial e debate acadêmico

Opinião Assinatura eletrônica e digital: entre prática judicial e debate acadêmico Cícero Alisson Bezerra Barros 2 de outubro de 2025, 18h25 A confusão entre os termos reside justamente no fato de a assinatura digital ser uma modalidade específica de assinatura eletrônica, mas dotada de requisitos...

A possibilidade da usucapião de bem imóvel ocupado por um único herdeiro

A possibilidade da usucapião de bem imóvel ocupado por um único herdeiro Victor Frassetto Giolo Decisões recentes do STJ trazem clareza à possibilidade de usucapião em herança e evidenciam os impactos da posse exclusiva na partilha familiar. terça-feira, 30 de setembro de 2025 Atualizado às...